sábado, dezembro 10, 2005

Portugal em "família" e sem "papão"

FUTEBOL / MUNDIAL2006

A selecção portuguesa de futebol vai defrontar Angola na estreia no Mundial da Alemanha2006, num Grupo D ainda composto pelo mais frágil dos cabeças- de-série (México) e um oponente desconhecido (Irão), segundo o sorteio de sexta-feira.
Em termos teóricos, o "onze" comandado pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari pode, assim, considerar-se afortunado, já que é favorito, juntamente com a formação azteca, a seguir para os oitavos- de-final, onde, aí sim, as coisas podem ser bem mais complicadas.
No caso de a lógica imperar, Portugal terá de "medir forças" com a Argentina ou a Holanda no primeiro jogo a eliminar, perspectivando-se, depois, em caso de sucesso, uns quartos-de-final com a anfitriã Alemanha ou a Inglaterra.
Em termos de primeira fase, Portugal teve um sorteio idêntico ao do Mundial2002, ao ter pela frente o cabeça-de- série mais favorável (então foi a Coreia do Sul), o único que, teoricamente, não lhe é superior, ao contrário de Alemanha, Brasil, Itália, França, Argentina, e Inglaterra, todos campeões do Mundo, e Espanha.
Segunda colocada da zona da América do Norte, Central e Caraíbas (CONCACAF), atrás dos Estados Unidos, o México, liderado pelo argentino Ricardo La Volpe, tem um conjunto baseado em jogadores que alinham no seu próprio campeonato, com raras excepções.
O ponta-de-lança Jared Borgetti, jogador que recentemente defrontou o Guimarães ao serviço dos ingleses do Bolton, é um dos que alinha no estrangeiro, ele que foi o melhor marcador da equipa na qualificação, com 14 golos em outros tantos encontros.
Borgetti foi mesmo o melhor marcador de toda a fase de qualificação, beneficiando também do facto de o México ter sido a formação mais concretizadora, com um total de 67 tentos, em 18 encontros, a maioria de grau de dificuldade reduzido.
O central Rafael Marquez, central do FC Barcelona, e o médio Jaime Lozano, do UNAM Pumas, são outras das figuras da selecção mexicana, que vai cumprir a 13ª presença numa fase final, tendo como melhor a presença nos "quartos" de 1970 e 86, quando jogou em casa.
Apesar de não ter um passado muito brilhante em fases finais, o México é, inquestionavelmente, o mais forte dos adversários lusos no Grupo D, sendo que apenas uma vez defrontou Portugal, num particular que terminou empatado a zero, a 06 de Abril de 1969, em Lisboa.
Se os mexicanos, que contam no seu palmarés com a vitória na edição 1999 da Taça das Confederações, repartem o favoritismo com Portugal, as selecções de Angola e do Irão são claramente inferiores, mesmo sendo duas formações em ascensão.
A formação angolana é estreante, após um brilhante percurso na fase de qualificação, na qual conseguiu superar a Nigéria, que era claramente favorita a vencer o Grupo 4 africano.
Como vários jogadores que actuam ou já alinharam em Portugal, casos de João Ricardo, Kali, André Macanga, Figueiredo, Freddy, Akwá ou Mantorras, o conjunto africano já ganhou o "seu" Mundial quando conseguiu, pela primeira vez, o apuramento.
Sob o comando de Oliveira Gonçalves, Angola não vai, porém, facilitar certamente a tarefa ao ex-colonizador Portugal, frente ao qual sofreu duas goleadas nos dois encontros já realizados, ambos em Alvalade (0-6 em 1989 e 1-5 em 2001).
Este último encontro, realizado a 14 de Novembro de 2001, está, aliás, na história de Portugal, mas como um dos mais tristes jogos de sempre, já que os angolanos portaram-se muito mal, acabando por forçar o final do jogo aos 68 minutos.
Nos últimos anos, a selecção angolana melhorou, mas não está ainda ao nível de um conjunto como Portugal, apesar de ter alguns futebolistas com qualidade, nomeadamente os "heróis" Mantorras e Akwá, dois jogadores que já chegaram a ser apontados como novos "Eusébios".
Com muito querer e vontade, numa oportunidade que será certamente única para muitos dos seus jogadores, a selecção angolana pode porém surpreender, parecendo pelo menos bem mais capaz disso do que o Irão, que não é ainda das melhores formações asiáticas.
Sob o comando do croata Branko Ivankovic, o Irão não teve, porém, dificuldades em conseguir o apuramento, selado com a vitória no Grupo 1 da primeira fase e o segundo posto no Grupo B da segunda, neste caso atrás do Japão.
O ponta-de-lança Ali Daei (nove golos, em 10 jogos, na fase de qualificação) é a grande referência da formação iraniana, que comparece pela terceira vez num Mundial, depois de ter ficado na primeira fase em 1978 e 1998, sendo que na última presença, em França, cometeu o feito de bater os Estados Unidos (2-1).
Além do goleador, destaque para mais outros jogadores que alinham na Europa, cinco dos quais na Alemanha: Ali Karimi (Bayern Munique), Mehdi Mahdavikia (Hamburgo), Moharram Navidkia (Bochum), Ferydoon Zandi (Kaiserslautern) e Vahid Hashemian (Hannover).
No longínquo dia 14 de Junho de 1972, Portugal e Irão defrontaram-se pela única vez, num embate integrado na Minicopa (Brasil), tendo a equipa lusa ganho por 3-0, com tentos de Eusébio, Joaquim Dinis e Humberto Coelho.

geicedesporto@iol.pt

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